Tragédia comove Jaguariaíva e levanta questionamentos sobre falhas graves no sistema de saúde pública municipal
Jaguariaíva - 12/07/2025 - A Polícia Civil do Paraná investiga a morte de uma bebê, de apenas 1 ano e 3 meses, que morreu na noite de sexta-feira (4) em Jaguariaíva, nos Campos Gerais do Paraná.
A família de Aylla Eloá, alega que a criança morreu depois de ter o atendimento negado por uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município. A tragédia está sendo investigada pela Polícia Civil do Paraná (PC-PR) e também pela própria Prefeitura de Jaguariaíva, que admitiu falhas.
A família procurou socorro quando a pequena Aylla começou a apresentar febre. Era o primeiro sinal de alerta. O instinto dos pais foi buscar ajuda médica imediatamente. Mas o que encontraram foi uma porta fechada, não fisicamente, mas simbolicamente: "Disseram que lá não podia ser feito nada", relatou Quézia Vitória, irmã da criança, nas redes sociais. Nenhuma triagem, nenhuma medição de temperatura, nenhuma ambulância. Nenhuma mão estendida. Apenas o desprezo que fere e, nesse caso, matou.
Sem apoio, a família correu contra o tempo, tentando salvar Aylla por conta própria. Levaram a bebê ao hospital municipal. No trajeto, o desespero aumentou: Aylla teve convulsões. Horas depois, o pior aconteceu. A bebê morreu no hospital.
De acordo com a advogada da família, Sylmara Fraga, há incoerências no atestado de óbito. “Consta que Aylla faleceu por uma crise de asma e pneumonia, mas ela nunca teve nenhum desses diagnósticos. Nunca foi internada. Sempre foi uma criança saudável”, disse.
A suspeita é ainda mais grave: uma suposta tentativa de entubação malsucedida pode ter sido a verdadeira causa da morte. Por isso, os pais estão pedindo a exumação do corpo da filha. Querem respostas. Precisam entender como uma criança sorridente, cheia de vida, morreu em poucas horas após ser ignorada pelo sistema de saúde que deveria protegê-la.
Em nota, o prefeito de Jaguariaíva, Juca Sloboda (PL), reconheceu que houve falhas e prometeu revisar os protocolos da Secretaria Municipal de Saúde. Mas para a família de Aylla, nenhuma promessa trará a filha de volta.
O caso de Aylla não é apenas mais uma estatística. É o retrato cruel do que acontece quando o descaso vira rotina. É um lembrete de que o tempo perdido por omissão custa vidas. E que por trás de cada boletim de ocorrência há uma família destruída, uma mãe sem chão, uma irmã sem colo.
Enquanto a Justiça não chega, resta o luto. E a pergunta que ecoa em todo o Paraná: quantas Ayllas mais precisarão morrer para que a saúde pública seja, de fato, um direito e não uma sentença?
Lamentável...