Vereadores de Barbosa Ferraz aprovam auxílio-alimentação mensal de R$ 1 mil com reajuste automático pelo INPC. Medida causa polêmica e levanta crítica.
Enquanto muitos brasileiros enfrentam dificuldades para fechar as contas no fim do mês, os vereadores de Barbosa Ferraz, no Paraná, decidiram criar um novo benefício para si mesmos: um auxílio-alimentação mensal no valor de R$ 1 mil. A lei foi publicada nesta terça-feira (10) e entrou em vigor imediatamente, após aprovação unânime na semana passada.
O projeto, assinado pelos nove parlamentares não só garante o valor fixo como também prevê reajuste automático anual pela inflação, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), sempre em fevereiro.
BENEFÍCIO SEM VÍNCULO COM O SALÁRIO
O texto da lei afirma que o auxílio não possui vínculo com os subsídios mensais dos vereadores, funcionando como um "apoio à alimentação". Na prática, significa um extra que se soma aos vencimentos, sem descontos ou condicionantes.
“Fica instituído o benefício de Auxílio Alimentação aos Vereadores da Câmara Municipal de Barbosa Ferraz, com o objetivo de garantir o apoio à alimentação”, diz o Artigo 1º da norma.
CRÍTICAS À LEGITIMIDADE E À OPORTUNIDADE
A criação do benefício levanta questões sobre a legitimidade e, sobretudo, a oportunidade da medida. Em um cenário em que municípios enfrentam cortes de verbas, carência de investimentos em saúde e educação, a decisão de ampliar os gastos com o próprio legislativo é vista como desconectada da realidade da população.
Para críticos, o auxílio reforça uma lógica autorreferente no setor público: quem legisla, muitas vezes, legisla em causa própria.
UM PRECEDENTE PERIGOSO
Com reajuste automático pelo INPC, o benefício pode crescer ano a ano, criando um efeito de bola de neve nas contas públicas. Sem controle ou limite claro, abre-se um precedente para que outros auxílios sejam criados sob a mesma justificativa.
Em tempos de austeridade, a decisão da Câmara de Barbosa Ferraz sinaliza o oposto: privilegiar a classe política, enquanto a população segue apertando o cinto.
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